sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Renascença

Depois de seu ato incompreensível, sentiu na boca um gosto de morte, o que realmente acontecera. Traçou um caminho nada confortável, bastante tortuoso, muito diferente do que imaginava. Tinha uma visão extraordinária em relação à morte, tudo seria lindo, sairia de um plano de sofrimento, de dor, de eterna consternação, e seriam consolados por uma imensa benevolência dos anjos, arcanjos e todas as figuras celestiais que ali o cercariam. Mas não! Depois percebera que era realmente só sua imaginação, sua visão de uma coisa que não se tem certeza ainda em vida. E o tempo que ele levou para pensar nessa beleza de morte, foi o tempo de um simples fechar de olhos, depois de ver a sua vida lhe dando a morte. Fechava os olhos, pois em vida não veria mais, mas piscava os olhos, pois entrava em outro mundo, aquele mundo que achava que era bonito, mundo o qual sorria antes de entrar, e que até hoje o sorriso se faz presente naquele mórbido e imóvel corpo, corroído por vermes que surgiam de dentro para fora, a sua consciência que o corroera antes de qualquer agente terrestre. Mas na verdade, a beleza que lhe parecia fazia sentido, buscara enfim as perguntas para sua resposta, e seria lindo solucionar seus problemas, no entanto buscara a dor, e não encontrara a solução. Percebera então que uma única coisa fazia sentido, a vida! Então se perguntara o porque de ter se matado, o porque de ter sido assassinado por sua própria consciência, se agora sua consciência já era outra? Depois de muito refletir, achara a solução, ou ao menos a charada: sua consciência não mudara, simplesmente renascera diante da morte de quem o matava pouco a pouco.

4 comentários:

  1. Obrigado pela palavra... fico contente que voce tenha gostado!

    Um forte abraço!!!

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  2. ...No mínimo instigante o seu escrito. Parece um conto, uma reflexão sobre um tema complexo. A vida, a morte, a vida após a morte, a vida antes da morte, a morte em vida, a vida sem sorte...a sorte de ter uma vida, para conduzi-la a morte. Acho que encontrei o sentido que mais se apropria, pelo menos na minha visão para o que vc escreveu: A SORTE DE TER UMA VIDA, PARA CONDUZI-LA A MORTE. Além da morte, a única certeza que temos na vida, é a vida. Acredito na visão lírica que seu suicida tinha em relação ao pós morte. Entretanto, esse paraíso se constroi em vida. Dai a sorte de ter uma vida para conduzi-la a morte. Talvez ele não tenha sido umm bom timoneiro nesse aspecto. Porém sua sorte não foi definitivamente selada. Pois vc. brincando de Deus, em suas sábias linhas, lhe concede de forma benevolente o privilégio de uma nova oportunidade, quando.. "sua consciência não mudara, simplesmente renascera diante da morte de quem o matava pouco a pouco."

    Parabéns.
    Espero ser sábio o suficiente, para merecer a mesma benevolência.

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  3. A morte e a vida são duas coisas opostas e quase incompreensiveis.
    Se é certo que vivemos tambem vivemos com a certeza da morte.
    Penso que ainda bem que a morte existe porque senão os maus nunca morriam e transformariam este mundo num pior inferno.
    Mas a vida existe e os maus existem e este mundo nunca será aquilo que gostariamos PAZ e AMOR
    Assim nunca teria descanso e viveria todos os dias num inferno ruim esperando com a morte outro inferno ainda pior.

    Um pouco de Fé não nos fará mal.
    Deus existe e se me comportar correctamente com todos os meus irmãos e com a natureza viverei em paz comigo e com a morte encontrarei a PAZ em DEUS.

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