segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Ordem e desordem

Quem assistiu o filme Homem-aranha, com certeza ouviu e gostou da seguinte frase: - "Grandes poderes trazem grandes responsabilidades." É uma verdade, mas ainda assim eu complementaria: - "Grandes poderes trazem grandes responsabilidades, porém, grandes responsabilidades não dão grandes poderes." Pode parecer óbvio, mas o processo inverso das coisas nem sempre podem ser postos à prova, não podem ser provados... desfrutados... A física, a matemática, e outras ciências ditas exatas, por mais que pareçam complicadas, podem ser provadas, ao menos até que se consiga pôr em prática uma nova verdade, isto mesmo, uma nova verdade, nestas ciências não existem mentiras, apenas verdades obsoletas e novas verdades. Quando passamos para a esfera humana, a complexidade deste ser, não nos permite prever nada a respeito, as ciências humanas, em vários estudos admitem esta complexidade, a imprevisibilidade das reações humanas, uma vez que os motivos que conduzem às tais reações são vários e imprevisíveis.
- “... a organização viva tolera a desordem, produz a desordem, combate essa desordem, e se regenera no próprio processo que tolera, produz e combate a desordem”.
O universo é tomado pela desordem, e esta se faz presente nos mínimos detalhes. Uma estrela só, é somente uma estrela, porém, uma constelação só existe na mais perfeita desordem. Imagine cada corpo celeste com sua ordem de funcionamento, gravidade, rotação, translação, dimensão e outras grandezas. Individualmente, cada um possui sua perfeita ordem, em seu padrão, porém, quando juntos em um sistema, a ordem que cada corpo contêm é diferente uma da outra, e com isso, o sistema composto é dotado de desordem, uma desordem ordenada. A origem do universo designa de uma grande catástrofe repleta de desordem. As explosões e colisões estelares que formaram o nosso universo, ora eram destrutivas, ora construtivas (e ainda são).
Partindo para uma outra esfera, a desordem humana é natural. Partindo do pressuposto da complexidade humana, pela imprevisibilidade das reações destes, torna o ambiente humano totalmente instável, desordenado. As tentativas de evasão à esta desordem por parte dos homens é constante, com suas ordens, normatizações, padrões impostos sobre sua conduta moral e social. A desordem pode caracterizar duas atitudes, por um lado o espírito de liberdade, por outro, o de criminalidade. Por essa segunda atitude é que é feito o esforço humano em se criar regras, ou seja, em constituir a ordem. Isto só irá acontecer por completo no dia em que a consciência humana for plena em relação ao conceito de política, que deriva da palavra polis (do grego), que quer dizer cidade, logo, todos os cidadãos são em sua essência, políticos e devem em sua responsabilidade, saber conduzir e persuadir uns aos outros, adotando os preceitos de ordem, misto à liberdade, que como supracitado, é característico da desordem. Logo, podemos notar que a ordem e a desordem podem conviver. A própria criação humana é repleta de desordem, que desencadeada por uma única célula, replica-se transformando o composto em um organismo ordenadamente desordenado.
Os acidentes naturais são exemplos de desordem, que, às vezes são contornados pela humanidade, porém a imprevisibilidade da natureza, torna cada vez mais difícil a tentativa de organização por parte dos homens, visto que estes, são também um dos maiores responsáveis pelos acontecimentos.
O conceito de ordem é muito pragmático. Em uma organização, por exemplo, determinado processo uma vez considerado padrão, é concebido por convenção por uma pessoa ou grupo delas, que para tal convenção, são tomadas por preceitos muito particulares (pessoal ou do grupo), retomando assim, a questão da pragmaticidade da ordem, que é presente na execução de procedimentos. Esta conceituação é arrebatada pelo determinismo, e não se pode deixar de lado a desordem, uma vez que é mais rica em nível de criação, representando a liberdade, ao ato de não se ater a um conceito previamente determinado, e criar o novo.
A ordem é muito efêmera, uma vez que se sabe que nada mais é absoluto, eterno. Em tudo que se inicia (origem), inicia também o processo regresso, ou seja, o próprio começo é o princípio do fim. Um exemplo fácil de se observar, é a questão da “verdade”. O que é a verdade afinal? – A verdade é, nada mais, nada menos do que o conceito adotado como certo por conter maiores informações palpáveis, comprováveis, porém não é incondicional, já que algo de novo pode surgir, ou seja, algum dado pode ser levado a prova, desbancando a verdade anterior, que não passa a ser uma farsa, e sim, uma verdade obsoleta. A descoberta é, de fato, o estabelecimento de novas verdades.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Augusto e seus anjos



Um dos primeiros temas que gostaria de falar, é a poesia. Não a tradicionalmente conhecida com suas diversas classificações, mas sim a inclassificável. A poesia de Augusto dos Anjos é por assim dizer incomparável, inconfundível.
Esse paraibano, nascido em 1884, compôs o seu primeiro poema aos 7 anos, e este certamente não foi tão crítico como os ele costumou escrever durante toda a sua vida, que foi tomada pela arte, arte pura. A complexidade de suas poesias não as torna incompreensíveis, pelo contrário, é esta complexidade que caracteriza sua obra. É complexa porque é cheia de vida.
Os temas nefastos e mórbidos não representam o desgosto pela vida, e sim a sua revolta de viver da forma que se vive.
Uma das poesias que mais gosto do Augusto dos Anjos, é sem dúvidas, Vencedor:




Vencedor

Toma as espadas rútilas, guerreiro,
E á rutilância das espadas, toma
A adaga de aço, o gládio de aço, e doma
Meu coração — estranho carniceiro!

Não podes?! Chama então presto o primeiro
E o mais possante gladiador de Roma.
E qual mais pronto, e qual mais presto assoma,
Nenhum pode domar o prisioneiro.

Meu coração triunfava nas arenas.
Veio depois de um domador de hienas
E outro mais, e, por fim, veio um atleta,

Vieram todos, por fim; ao todo, uns cem...
E não pude domá-lo, enfim, ninguém,
Que ninguém doma um coração de poeta!


Mas certamente um dos mais conhecidos seja Versos Íntimos, desculpem os que sabem, mas muitos nem sabem que este é de Augusto dos Anjos.


Versos íntimos

Vês?! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera
-Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te a lama que te espera!
O Homem que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera

Toma um fósforo, acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro.
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa ainda pena a tua chaga
Apedreja essa mão vil que te afaga.
Escarra nessa boca de que beija!



Bom, fica aqui a chama acesa para a pesquisa sobre Augusto dos Anjos, gostaria de encerrar com um poema que escrevi em homenagem a este incomensurável poeta.


A morte do poeta

Hoje o mundo chora,
Morre aquele poeta.
Homem esse que outrora,
Tivera sua vida mais completa.

Interrompida naquele momento,
Trazendo a outros, grande sofrimento.
Momento de ápice, o tal
Que atingira seu ideal.

E todo e qualquer vestígio
É imortalizado por seu prestígio.
Que recolhera em toda sua andança.
Onde fizera toda aquela lambança,
Mascarada pelo devaneio,
Que atingira qualquer meio.

Sua boa poesia
Atinge com demasia,
A toda a massa do mundo.
Atinge até o recôndito mais profundo.
A mente dos idiotas,
Às escleroses das velhotas.
Senhoras e senhores,
Às crianças ocasiona horrores.

É o mundo perfeito
Na ponta da caneta.
É o filho imperfeito
Nascido de proveta.

É o cigarro acendido
Aos prantos.
É o beijo dos arcanjos,
Abrindo encantos.
É o mundo sofrido
De Augusto dos Anjos.

Marcos Fernandes

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Sejam bem-vindos!


Boa noite a todos que lêem. Gostaria de externar aqui, toda a minha felicidade e consternação ao saber que, a partir de hoje, posso eu acrescentar cultura à humanidade, propósito este que sempre foi o meu. Utilizar uma ferramenta tão potente como a Internet é poder usufruir do que ela se propõe: integração. Nada melhor do que integração para compartilhamento de informações.
Este espaço é nosso, fiquem a vontade para discutirmos em relação aos temas propostos. Buscarei sempre trazer a tona, não somente questões atuais, mas também as mais antigas, que não podem ser esquecidas jamais, afinal a humanidade é composta antes de mais nada, por história e estória.
Vamos interagir, uma vez que não há comunicação sem envolvimento, como disse Exupéry.