quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Renascença

Depois de seu ato incompreensível, sentiu na boca um gosto de morte, o que realmente acontecera. Traçou um caminho nada confortável, bastante tortuoso, muito diferente do que imaginava. Tinha uma visão extraordinária em relação à morte, tudo seria lindo, sairia de um plano de sofrimento, de dor, de eterna consternação, e seriam consolados por uma imensa benevolência dos anjos, arcanjos e todas as figuras celestiais que ali o cercariam. Mas não! Depois percebera que era realmente só sua imaginação, sua visão de uma coisa que não se tem certeza ainda em vida. E o tempo que ele levou para pensar nessa beleza de morte, foi o tempo de um simples fechar de olhos, depois de ver a sua vida lhe dando a morte. Fechava os olhos, pois em vida não veria mais, mas piscava os olhos, pois entrava em outro mundo, aquele mundo que achava que era bonito, mundo o qual sorria antes de entrar, e que até hoje o sorriso se faz presente naquele mórbido e imóvel corpo, corroído por vermes que surgiam de dentro para fora, a sua consciência que o corroera antes de qualquer agente terrestre. Mas na verdade, a beleza que lhe parecia fazia sentido, buscara enfim as perguntas para sua resposta, e seria lindo solucionar seus problemas, no entanto buscara a dor, e não encontrara a solução. Percebera então que uma única coisa fazia sentido, a vida! Então se perguntara o porque de ter se matado, o porque de ter sido assassinado por sua própria consciência, se agora sua consciência já era outra? Depois de muito refletir, achara a solução, ou ao menos a charada: sua consciência não mudara, simplesmente renascera diante da morte de quem o matava pouco a pouco.

Um comentário:

  1. Admiro a tua sabedoria Marcos. Gosto do tom que dá as palavras, a maneira com que escreve!
    Lindo!

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