segunda-feira, 13 de abril de 2009

Caminhada

Ele caminhava e caminhava, e nada encontrava. Começou a correr, correr em busca da escuridão. E então, num medíocre instante, ele tropeçou e caiu no chão furando os dois olhos e finalmente achou a escuridão. Mas ele ainda não estava satisfeito, faltava-lhe ainda alguma coisa. Ele ainda não tinha certeza do que faltava, mas sabia que não podia seguir, o medo o consumia, arranhava sua alma que gritava desesperadamente, a angustia estava tomando conta, e o seu medo não era nada comparado à dor que sentia agora, era algo que roubava toda a sua alegria e transformava tudo ao seu redor em tristeza, morbidez e agonia, então ele se levanta e continua. Continua sem direção. Numa vertigem ele mergulhava desesperado, buscando alívio para a sua infinita agonia, e o frêmito nervoso que o tomou de súbito percorreu todo o seu corpo já despedaçado por séculos de uma procura inútil num vôo rasante por sobre a mediocridade humana... E de repente, em meio à profusão insone de pensamentos desmedidos, finalmente que atracara num porto calmo, o barco quimérico da segunda oportunidade que esperou por milênios, então com aquela arma em punho encontrou-se finalmente consigo mesmo, pois, abandonando a pena, chave da alma dos poetas, preferiu o fogo, chave das portas do mundo, pois quando se manda uma bala no peito de um homem, é como se ele mesmo entrasse nesse peito, e o peito do homem... É o mundo!

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